segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

A sombra de um juazeiro é o rancho das almas



O juazeiro, planta típica do sertão nordestino, muito conhecido por resistir a grandes secas que agridem nossas terras e também por algumas utilidades de seu fruto, o juá.
Porém um mistério deixa soar uma dúvida, falam os mais vividos que onde há um pé de juazeiro é comum que ao passarem pela planta ouçam gemidos, choros, ou até vejam vultos, principalmente ao meio-dia e à meia-noite.
Muitos relatam terem vistos assombrações próximos a algum pé -de -juazeiro e saírem correndo, apavorados.
Contam que o porquê desse mistério deve-se ao motivo de que, antigamente os homens sertanejos ao migrarem de sertão à sertão, procurando fugir das secas, ao se sentirem cansados procuravam as sombras das plantas para descansarem, e que no entanto, a exaustão era tão grande, e as doenças lhe atingiam por conta da fraqueza, que os mesmos acabavam morrendo debaixo das sombras de um juazeiro de fome e sede, tendo somente Deus no coração.
A sombra do juazeiro era o único abrigo que os sertanejos procuravam para se livrarem do sol ardente do sertão brasileiro.

Aluno pesquisador: Salviano Paulino de Morais -3ºE
Entrevistado: Sr. Francisco Antônio Bernardo.
Ilustração: Rafael Costa da Silva -3º E

Os Tamarindos de Quixeramobim



Tudo começa quando o Imperador do Brasil D. Pedro II enviou a Comissão Científica de Exploração à província do Ceará, em 1859, com o objetivo de detectar as reais causas da seca, que a muito tempo incomodava o Norte e o Nordeste. A expedição era composta por vários cientistas, entre eles o poeta e historiador, Gonçalves Dias e o geólogo Guilherme de Capanema.
Uma das alternativas para se combater o efeito da seca seria a importação de camelos vindos da Argélia. A ideia era trazer os animais, pois eles suportavam grandes cargas e, numa boa marcha, superariam longas distâncias, resistindo à fome e à sede, aptos a vararem pelos sertões cearenses e quixeramobinenses. A introdução, aclimatação dos camelos e dromedários foram feitas por quatro mouros, especialmente treinados para acompanharem o empreendimento e tratar dos animais.
Foram destinados 14 camelos que seriam divididos igualmente entre a terra de Conselheiro – Quixeramobim, e a terra de São Francisco - Canindé. Provavelmente ,o tamarindeiro foi aqui aclimatado e cultivado, servindo as folhagens como fonte de alimento, visto que esse vegetal é oriundo de regiões de clima quente. Originários da África Equatorial e da Índia, os árabes a chamavam tâmara da Índia, em referência à polpa muito parecida com a da, Tâmara.
Até hoje em Quixeramobim ainda existem esses tamarindeiros, agora centenários. Com seu porte e sombra, ornamentam e embelezam a cidade. Apesar dos entusiasmo houve total fracasso na experiência e um prejuízo de mais de 20 contos de réis para os cofres públicos da Província do Ceará. Os camelos e dromedários que foram enviados a Canindé e Quixeramobim não se adaptaram ao solo e ao clima local. Quase todos morreram de doenças nos cascos, além de vitimados pela lepra, o que pôs um fim o audacioso empreendimento do ”navio do deserto”, novamente substituído pelos sagrados e consagrados jumentos.
O que de resto sobrou da ideia foram os tamarindeiros como testemunha de uma história dentre tantas já vividas nesse sofrido sertão, servindo de fomento para outras histórias.

Aluno Pesquisador: Elistênio Alves -3º E
Entrevistado: Antônio Carlos da Cruz – integrante da ONG IPHANAQ
Ilustração: Alan Nilton Ferreira Castro -3ºE

AS BOTIJAS DE DIOCESA





Diocesa era filha de um grande fazendeiro do Estado do Piauí, que em decorrência da seca que abrangia o Estado, que acabara matando sua criação de fome; onde os mesmos saíram sertão afora amontados em dois burros, e mais dois carregando dois negros que traziam mantimentos e todas suas riquezas, duas malas de ouro.
Chegam ao sertão de Quixeramobim onde se arrancham na beira do riacho do “Cachimbo”, distrito de Passagem. Em meio a isso acabaram os mantimentos e um dos negros veio ao mercado a mandato do patrão comprar carne para que pudessem continuar a viagem. Nesse meio tempo o velho fazendeiro manda que o outro negro cave uma cova, pegando uma das malas e enterrando-a no buraco , com a mala dentro da cova, o velho mata o negro com um tiro e o enterra junto à mala com o ouro.
Quando o outro negro chega seguem viagem pelo sertão quixeramobinense, por uma vereda que sairia no “Barra Vermelho”, também distrito de Passagem, marcando parada alí mesmo, manda que o outro negro cave mais uma cova, enterrando assim a outra parte do ouro, porém esse negro foi solto pelo sertão.
O velho e Diocesa pegaram caminho para a cidade afim de pegarem o trem para viajarem à capital Fortaleza com o propósito de registrar às terras encontradas querendo situar alí, sua nova fazenda. Chegando a capital , o velho morre, deixando a filha Diocesa, que depois de alguns anos morre, e segundo relatos, a alma de Diocesa vaga pedindo para que desenterrem o ouro de seu pai.
Acredita-se que ainda encontram-se enterradas no mesmo local, sendo que uma delas pode estar submerso no açude  riacho do “Cachimbo” e a outra no mesmo lugar na beira de uma vereda. Muitos sertanejos dizem ter sonhado com a tal mulher lhes dando as botijas, até mesmo o senhor que nos relatou essa história.
Aluno entrevistador: Salviano Paulino de Morais 3ºE
Entrevistado: Sr Otacílio Barros.
Ilustrações: Rafael Costa e Silva -3º E

Badu: O homem de sete vidas


Badu batucou, fez zoada nas calçadas da Maravilha. Muitos riem de suas cachaçadas, de suas dancinhas e até de suas risadas. Escultor, artesão, músico, crítico (sim, tente falar de arte e cultura para ele, para voçê vê), capoeirista, poeta, historiador popular (conhece histórias de Quixeramobim, como ninguém)... Esse é o Badu que se esconde em trapos, cabelos assanhados, pele ferida, pés descalços, algumas doses de cachaça e uma dor de chifre. Louco. Doente. Mendigo. Drogado. Bêbado. É assim que é visto. Maldita cachaça! Sempre ela. Maldito chifre! Culpa dele. Enquanto muitos falam pejorativamente da Maravilha, Badu a eleva, a vê como a “terra prometida”, a suaterra prometida. 
Inacreditavelmente,Todo inverno o Badu morre”. Quem mora no Quixeramobim ou conhece a história do município deve saber que todo inverno o Badu morre. Já foi dado por morto umas 4 vezes e ainda está por aí a botar boneco. Reza a lenda, que tal imortalidade se deve ao nível de álcool em suas veias e a seus guardiões, os cachorros, que permanecem do seu lado para protegê-lo. Segundo a boca do povo, Badu fora arrastado, na correnteza das águas do Rio Quixeramobim, por várias vezes.
A mais cruel delas é a que ele foi engolido por uma das 15 bocas do sangradouro da barragem, seguindo rio a baixo, indo parar na Ponte da Maravilha. Frequentador de inumeros lugares, Badu está “em todo canto”. As autoridades de Quixeramobim se previnem durante o inverno, os olhares estão em cima do homem de sete vidas. 
O homem não mortal, o simples Badu. Seria coisa de louco pular em meio a correntesa forte das águas do fogareiro, tal prova seria interná-lo, ir para algum canto... Um sanatório para o Badu! Eis a solução? Lembro da felicidade em que me encontrei quando soube que Badu resistiu a força das águas. Quixeramobim, sem Badu, talves perdesse um pouco de sua identidade cultural, ele, personagem  de rica história  de muitos percalções  mas de valor imaterial.
Aluno Pesquisador: Elistênio Alves.
Fonte:com adaptações (Antonio Carlos Badu, Banquete Geral/João Paulo Brabosa)
Ilustração: Alan Nilton Ferreira Castro -3ºE

Coisas do meu Quixeramobim .


Determinados tipos de coisas só existem no meu Quixeramobim! Comentava outro dia com alguns amigos sobre isso. São pessoas, cismas, crendices que se tornam características de nossa terra. Citarei algumas que certamente verá o  que falo a verdade.

Quem não conhece o ditado ecoado por ele nas ruas como frase de vida: “ quem pode mais do que Deus?”. Seu Lindival, que sempre anda com o rádio debaixo do braço, e a bengala na mão. Nas ruas faz o maior sucesso com sua simpatia e seu jeito aperreado e “zoadento” de falar. Tal qual as irmãs lá dos Paus Brancos, Socorrinha e Carminha. As duas possuem como característica marcante, a veia política.

Quem nunca foi à feira do “troca” todo sábado pela manhã no mercado público? Encontra-se de tudo e mais um pouco por lá, desde um pequeno parafuso a um raio de uma bicicleta, vale ressaltar, que tudo é trocado, não se tem direito à devolução.Na culinária, Quixeramobim também possui suas particularidades. Quem nunca provou do feijão da Vanda? É raro um quixeramobinense não ter ainda sentado debaixo daqueles tamarindos para saborear os quitutes do “Kanto de Casa”. A panelada mais conhecida de toda a cidade, sem sombra de dúvida, é a da Dona Raimunda. Aos domingos tem que chegar cedo para garantir a merenda “pesada” em frente ao cemitério.

Certamente existem outras coisas curiosas e outras figuras que retratam a cara do povo de Quixeramobim. São características cotidianas como essas que formam a identidade permanente “desta terra, valente e altaneira, de perestígio  e renome sem par”.

Aluno Pesquisador: Elistênio Alves

Antônio Bezerra, o homem mistério.

Seu Antônio Bezerra é um típico homem sertanejo, pacato e de pouca palavras reside em Quixeramobim, no bairro Conjunto Esperança. E conhecido por muita gente na cidade,por conta do seu ar misterioso, que desperta curiosidade e alimenta fantasias no imaginário popular. 
Dizem que seu Antônio, durante a noite, transforma-se em bichos estranhos, e muitos juram terem cruzado por ele na estrada do Poço Grande e que até o viram no exato momento da transformação.
Existem ainda aqueles que dizem que essa lenda é devido ao preconceito daqueles que não aceitam quem é diferente. Seu Antônio, se veste com roupas esfarrapadas, coloca um grande chapéu na cabeça e vive arrastando um jumento pelas ruas de Quixeramobim. O mesmo chega a se irritar quando lhe interrogam sobre o assunto, muitas vezes, já chegou até a puxar até faca para o curioso, verdade ou mentira é melhor manter-se com a dúvida a ousar investigar seu Antônio Bezerra.

Aluno Pesquisador: Salviano Paulino de Morais Neto -3º E
Entrevistado: Sra Maria das Graças da Silva.