quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Botija.


     Em uma época em que não se ouvia falar de bancos, quem conseguia juntar algum dinheiro cuidava em escondê-lo de forma que ninguém encontrasse.  
     No entanto, todo apego pelo dinheiro acabava aprisionando a pessoa de tal modo, que mesmo depois de morto não conseguia descansar. Assim, quando o dono de uma “botija” morria, ele tinha que aparecer em espírito ou em sonho, dizendo o local da botija, para que alguém do mundo dos vivos, encontrasse seu tesouro.  
     Dona Maria Gustavo, conta que um dia, seu irmão estava muito cabisbaixo, pensativo e todos perguntavam o que era e ele não respondia nada, no terceiro dia,  ele saiu de madrugada sem que ninguém o visse. Quando amanheceu todos sentiram sua falta  e foram procurá-lo nas matas, próximo à sua casa. 
     Ao chegar perto de uma árvore tinha um buraco bem grande no formato de um caixão, então ele falou que alguém tinha arrancado um botija daquele buraco.  
     Como acreditava os antigos, quem encontrava uma botija, não podia permanecer mais na cidade, teria que sair as pressas, assim aconteceu com o irmão de dona Maria, que até hoje ninguém teve mais notícias.


Aluno-pesquisador: Maria Bruna Madeiro da Silva 2º A
Entrevistado: Srª Maria Gustavo da Silva
Ilustrações: Antônio Cristian Wesley da Silva Viana – 3ºD


Disco voador.


        Meu avô costumava contar muitas histórias, no alpendre de sua casa no distrito de Lacerda. O mundo fascinante de seres encantados  tomava forma e me prendia por horas e horas. Uma das que mais gostava era as histórias sobre os discos voadores.  
        Era mais ou menos assim: No ano de 1938, em uma noite de quinta-feira, em torno das 18:30,  quando Jeremias,  meu tio, saiu para caçar,  tudo parecia tranqüilo, até que ele distraiu-se e ficou muito distante da fazenda. Ao chegar a um ponto quase inabitável, com mata fechada e muitas pedras, ele parou para descansar um pouco e tomar água, quando de repente vê aquele gigantesco e luminoso disco no céu, que vem ao seu encontro. Quando o objeto aproxima-se de sua cabeça, tudo ficou tão claro que chegava a doer os olhos.  
        Jeremias então vê uma pequena janela se abrindo, e começa a correr desesperado à procura de sua casa. Lá chegando, ficou mudo, por uns quatro dias, até que conseguiu falar o que tinha acontecido naquela noite assombrosa.
Depois disso, meu tio nunca mais quis ir a suas caçadas.


Aluno-pesquisador: Maria Bruna Madeiro da Silva
Entrevistado: Cleomar Madeiro da Silva
Ilustrações: Túlio de Castro – 3ºB

A caipora


      Na década de 60, quando eu era mais jovem, na Fazenda Sta Helena, todas as noites se ouviam os assobios da caipora. Em casa, todos ficavam assustados, as crianças choravam e as mulheres rezavam. Aprendi com meu avô que a Caipora assobia à procura de fumo, então, em uma dessas noites, eu decidi lhe pregar uma peça. 
      Preparei tudo do jeitinho que meu avô me ensinou: enrolei o fumo e coloquei no cachimbo, no entanto, misturei com pólvora e quando deu meia noite, hora que geralmente ela assobia, eu me escondi em uma moita perto de uma arvore bem grande, para ver se ela iria cair na ''presepada''.  
      Quando passou um tempinho, a Caipora chegou, olhou prara os lados, pegou o cachimbo meio desconfiado,  colocou na boca e acendeu. Foram segundos bem longos. Chegou a hora mais esperada:  o cachimbo explodiu na boca da caipora, que apavorada, saiu correndo, sem olhar pra traz. Depois disso, nunca mais se ouviu falar de seus assobios .


Aluno-pesquisador: Maria Bruna Madeiro da Silva -2ºA
Entrevistado: Sr. Antônio Madeiro da Silva
Ilustrações: Túlio de Castro -3ºB

O homem que virava jumento.

      Contam que lá pra bandas do vilarejo de Paus Brancos, todo mundo tinha uma suspeita que um certo senhor se transformava em bicho. Mas  era apenas uma suspeita, pois aquele senhor era meio entranho, não tinha muita comunicação com a população.  
      Um conhecido de uma senhora muito popular  lá no vilarejo, a Dona Helena, foi a uma festa e quando voltava, viu um jumento no acero do mato. Pegou e foi até em casa com ele. Ao chegar, deu-lhe duas (chibatadas) com um cipó e o jumento foi embora, como é o costume do sertão. 
      No dia seguinte, ela foi dar uma passadinha no bar próximo de sua casa e chegou um certo senhor se reclamando: “mas rapaz, veja como são as coisas, ontem dei carona a um sujeito nas minhas costas, levei-o  até a sua casa e quando chegou onde queria, ao invés de me dar comida e água,me deu foi umas lapadas, por isso que ainda estou todo doido”.
       Mostrou as marcas do cipó em seu corpo, e  o homem que tinha feito aquilo  ficou sem reação e pasmo com o acontecido, mas preferiu não falar nada para ninguém.
 
Aluno-pesquisador: Mª Bruna Madeiro da Silva-2ºA
Entrevistado: Srª : Liliane da Silva Santana
Ilustração: Francisco Keleton Ferreira Macêdo – 1º F

Lobisomem


      Dizem que uma certa vez, um homem conhecido lá na sua comunidade pelo nome de Valdir, vinha da casa de sua namorada por volta das 10:00  h da noite em seu cavalo, quando de repente, ele começou a ouvir alguns barulhos estranhos que vinham das plantas, na beira da estrada. Seu Valdir já estava com muito medo e seu cavalo estava tão assombrado  que não conseguia sair do lugar. 
      Aí de uma hora pra outra, surgiu um animal parecido com um filhote de jumento, com as orelhas bem grande, dentes bastantes afiados e que andava apenas com duas patas. Isso aparece em sua frente,  assombrando-o mais ainda.  
      O seu cavalo, também assustado com o que estava vendo, saiu galopando e o animal parecido com um jumento saiu correndo atrás deles. Em uma parte do caminho, seu Valdir olha para traz e não ver mais o animal estranho. Ao chegar em casa, seu Joaquim conta aos familiares que não acreditam nele.  
      Alguns dias depois, ele estava em um bar com alguns amigos e começou a contar a história para eles. Dois desses amigos depois de beber bastante, resolveram sair atrás desse animal, até então desconhecido por todos daquele lugar. 
       Todos foram embora, ficando apenas os dois corajosos. No caminho, no mesmo local onde Valdir tinha visto o animal, surgiram novamente barulhos. Os dois ficaram assustados, quando viram o animal, descobriram que se tratava de um “lobisomem”, saíram correndo e, no desespero, deixaram os chinelos saírem do pé e a faca e os chapéus ficaram no chão.
       Chegaram em casa, gritando atormentados, gritando por socorro e que o lobisomem queria comê-los. No dia seguinte, ao contar os detalhes da história, todos chamaram os dois valentões
de medroso. 
      A verdade é que depois desse dia ninguém nunca mais passou naquela estrada após o entardecer.

Aluno-pesquisador; Raquel Barros dos Santos 2º A
Entrevistado: Sr.: Joaquim Valdir Barros.
Ilustrações: Antônio Cristian Wesley da Silva Viana – 3ºD



Lobisomem


         Em meados de 1985, contava-se que havia, próximo à uma cidade do interior de Choró, algo que aterrorizava a população. Um certo dia, o Sr. João que estava com a filha doente, quase morrendo, teve que se dirigir até a cidade de Quixadá.
          Para chegar até a cidade, ele precisava subir uma montanha. Na subida da montanha havia uma casa antiga de estrutura rustica. Ao chegar à mesma, foi indagado pelo Sr. Roberto que lhe perguntou; para onde vai? Sr. João respondeu: "Irei comprar a mortalha para minha filha que está adoentada quase morrendo." 
         Sr. Roderto pediu a João, que pelo amor de Deus o escutasse, pois era lua cheia e depois das 18:00hs ninguém andava por essa estrada, o escuro e o silêncio tomavam conta de toda mata, e isso já não significaria algo bom, pois o Sr. Roberto disse claramente que algo terrível estava próximo a acontecer com o Sr. João e com todos da região. João não ligou para o que Roberto disse e seguiu em frente, pois precisava voltar para casa. 
         Seguindo caminho, João, ao chegar no meio da ladeira, já por volta das 17:30hs, ele escutou um barulho estranho, que não lhe deixou entender, mais parou e escutou mas uma vez. Ele reparou que o tal barulho era parecido com latidos de cachorros, continuou sem entender e pensou consigo mesmo para onde iria fugir, pois de um lado havia uma barreira alta e do outro uma mata fechada com despenhadeiro. Ele pensou e achou melhor se encostar  na barreira.  Com um facão na mão, agachou-se tentando se esconder de algo que estava por vir.  De repente, algo desconhecido, algo inesperado e com aparência de louco, aproximou-se dele. Era meio gente, meio animal. Aquele terrível ser  avançou em cima do Sr. João açoitando-o com sua perna, mas o Sr. João se defendeu com o facão, que chegou a ferir o ser, com um corte na perna.
         O problema não era só isso, pois aquele ser estranho e horrível se transformou em uma bela mulher, provocando em João uma grande ira. Ao levantar o facão para matar aquela mulher estranha, aí nesse momento ela lhe implorou, suplicando para que não lhe matasse, pois era mãe de família e esposa de um fazendeiro muito rico da região, e ele não sabia que isso tinha acontecido com ela. 
         Nesse momento, João  deixou seu lado humano e sentimental falar mais alto, e teve que voltar sete léguas, conduzindo-a sobre as costas, pois a mesma não podia andar. Ao chegar no curral de sua fazenda, ela lhe mostrou onde guardava as roupas, ele se vestiu e despediu-se dela.  
         Depois que seu segredo foi revelado a João, nunca mais a população daquela região foi aterrorizada por seres estranhos. Dizem as pessoas do lugar  que se só quebra o encantamento de um lobisomem, quando seu segredo é revelado.


Aluno-pesquisador; Raquel Barros dos Santos
Entrevistado: Reginaldo Fernandes dos Santos
Ilustração: Antônio Cristian Wesley da Silva Viana – 3ºD

Quintino Cunha em Quixeramobim.



Conta-se que o poeta Quintino Cunha viveu sete anos em Quixeramobim. Sempre muito alegre e cheio de prosa, Quintino protagonizou diversos causos, mesmo encontrando-se com a saúde comprometida. Nas casas de família e nos bares, nosso personagem sempre estava presente travando discussões e arrancando risos de todos.
A anedota mais famosa de Quintino deve-se ao fato de o poeta sentir-se cansado da vida monótona de Quixeramobim e sempre repetir a seguinte frase: “Quixeramobimo nome, a ponte e língua do povo.”
Devido à doença, Quintino ficou de cama e o povo, acolhedor como sempre,  cercou-o de cuidados. Na ocasião de uma entrevista, para um jornalista dos “Associados”, foi interrogado sobre as três coisas grandes de Quixeramobim.
O poeta muito astucioso e devido à situação, remontou a frase afirmando:
-Quixeramobim tem três coisas grandes, o nome, a ponte e o coração do povo.
Aluno Pesquisador: Maria Bruna Madeiro da Silva – 2ºA
Entrevistado: Sr. Manoel Lins de Castro.
Ilustração: Alan Nilton 3º E

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Um lobisomem em Mangáia


Por volta de 1970, numa região conhecida como Mangáia, ouvia-se uns comentários sobre um tal senhor que na meia noite vestia a roupa pelo avesso, passava em uma encruzilhada, espojava-se como um jumento  e assim virava lobisomem.
No mês de junho, em uma das  festa junina de  outra região, conhecida pelo  nome Morada dos Doces, Dona Maria Rodrigues, conhecida como Mimosa, professora daquela comunidade, juntamente com alguns familiares, foi a essa festa.
Ao chegar ao local, percebeu que o povo era  muito alegre, dançava quadrilha, apreciava as comidas típicas e brincavam com seus familiares. Tudo estava contribuindo para ser uma noite de muita felicidade, mas como tudo que é bom dura pouco, a festa terminou mais cedo por causa de um senhor bêbado que começou a brigar. Infelizmente Dona mimosa e seus parentes tiveram que retornar a sua casa bem antes do que esperavam.
No caminho, havia um corredor de barro vermelho, longo, estreito, com cerca de um lado e do outro. Na calada da meia-noite ouviaram-se uns tropeços, parecidos com os de cavalos.
Mas ao avistarem de longe, pensavam eles, que era um homem com aparência de um um cachorro enorme e preto.  De repente, o animal passou  rápido em um correria  que quase derrubou a dona Mimosa, e mesmo com o susto, ela gritou com tom de afirmação: “É o Chico Holanda. Atira!” 
Alguém atirou e atingiu  a perna do tal ser,  que após o disparo, ficou vermelho, olhou nos olhos de quem estava ali e saiu andando normalmente.
Ao amanhecer,  dona Mimosa como de costume vai a escola dar sua aula, mas ouviu dizer que o Sr. Chico Holanda estava doente. Quando terminou seu horário de aula foi deixar os netos do seu Chico. Logo quando chegou, viu o próprio, deitado na rede no alpendre de sua casa.
 Teve a certeza que sabia que ontem o tal ser era o Sr. Chico. 
Ela perguntou: o que foi issoChico? Ele respondeu olhando fixo para os olhos dela:" ontem eu só não devorei vocês porque você é professora dos meus netos e vem deixá-los todos os dias em minha casa, porque se não..."
Ela saiu calada.
Dizem por lá, que depois do tiro que o Sr. Chico levou, nunca mais  se ouviu falar que ele virou lobisomem de novo. Dizem até que a maldição que fora lançada por sua madrinha, se desfez para sempre.

Aluno-pesquisador; Ruddo Lopes Neumann
Entrevistado; Maria Rodrigues Nogueira da Silva
Ilustração: João Eudo Ferreira de Freitas – 1ºH

Mula sem cabeça



Esta história aconteceu no  ano  de 1950, no interior de Banabuiú com meu compadre, Chico Pedro. Neste mesmo interior, existia uma ponte abandonada onde uma mula coberta, de ouro,  passava toda meia noite, pelo mesmo lugar.
Em um belo dia, quando era à tarde em torno das 15:00 hora estávamos eu e mais dois amigos, juntos com o compadre Chico Pedro, quando o mesmo tocou no assunto da mula de ouro. E eu falei que já tinha ouvido dizer que ela existia mesmo e que passava sempre no mesmo local e horário. Então o compadre falou que iria matar a mula de qualquer jeito. Chamou a mim e mais dois companheiros, para serem testemunhas. Tentei  tirar isso da cabeça dele, mas de nada  adiantou.
Quando chegou a noite, por volta das 22:00 horas, ele chegou  em  minha casa para irmos até o local. Chegando lá, ficamos esperando a mula vir. Quando deu meia noite em ponto, lá vinha ela com seus arreios brilhantes e fazendo barulho. Chico Pedro montou nela e saiu em disparada. Ele contou quando chegou ao local onde estávamos, que  em 40 minutos  percorreu os quatros cantos do mundo.
Depois desse acontecimento, meu compadre enlouqueceu e um ano depois morreu de depressão. Mas dizem todos daquele município que essa é a maldição de quem via ou montava na mula de ouro, pois ela era um ser encantado.


Aluno-entrevistador: Mª Bruna Madeiro da Silva -2ºA
Entrevistado: Antônio Madeiro da Silva
Ilustração: Allan Nilton Fereira Castro -3º E